Sócrates, consumo de álcool e seus equívocos.


Com muito pesar leio nos jornais que Sócrates, o nosso sempre querido ex-jogador de futebol e crack da seleção brasileira, continua internado na UTI, devido apresentar quadro de hemorragia gástrica causado por doença hepática, desenvolvida pelo consumo de bebidas alcoólicas. Como proposta terapêutica vai entrar na enorme e imprevisível fila para transplante de fígado.
Algum tempo atrás já tínhamos ficado entristecidos com a noticia que o também jogador de futebol e ex-crack da seleção brasileira, Marinho Chagas, também apresentava doença hepática grave causada por consumo de bebida alcoólica.
Em relação ao Dr. Sócrates (é formado em medicina), o mais triste ainda é ler o depoimento dos amigos que informam que nos últimos 3 anos, supostamente para atender ao pedido das pessoas queridas, ele havia substituído o consumo de cerveja por vinho. Como sabemos apesar de ser uma bebida com maior “glamour”, o teor alcoólico contido no vinho costuma ser mais que o dobro da cerveja. Portanto, tal escolha só agravou a doença hepática do jogador.
Espero que o leitor não entenda, “e nem queira entender” essa observação como uma orientação a melhor bebida para consumo. Na verdade sabemos que o consumo de bebidas alcoólicas, independente do tipo ou da marca, agride o organismo humano.
É nesses momentos de espanto e tristeza que nos damos conta, da obvia constatação de que o consumo “social” de bebida alcoólica não poupa nem aqueles que por terem sido atletas, teoricamente teriam maior resistência física. Independente da constituição orgânica de qualquer um, seja com maior ou menor acometimento, no fim, ninguém está imune aos efeitos maléficos desse equivocado consumo de bebidas. Além disso, estima-se que em torno de um quarto das pessoas tenham predisposição a desenvolver dependência química.
Apesar da tristeza do momento, não podemos ignorar o impacto da notícia e refletir sobre o aumento do consumo de bebidas que vem acontecendo na nossa sociedade. Devemos questionar as causas de tal fato.
É importante ressaltar que, ainda que existam pessoas capazes de escreverem artigos enaltecendo o consumo de tal substancia, e, existirem aqueles que gostam de se enganarem com tal equívoco, no fundo, até eles sabem ser isto, um consumo prejudicial à saúde física e mental. Então porque ficar repercutindo as idéias dessa comprovada insanidade?
Tais mitos e publicidade enganosa, tanto quanto a inconsequência de quem fica propalando essas maldades, só servem para produzir uma sociedade com mais doenças, além de agravar a violência social.
Mediante tais fatos, fica claro que necessitamos de uma mudança firme na legislação sobre a publicidade de bebidas. Precisamos desenvolver a concepção de que contrário a qualquer mito ou publicidade que diariamente escutamos ou lemos até em respeitáveis veículos de comunicação, ou mesmo em publicações científicas, o consumo de bebida alcoólica é claramente incompatível com a preconizada necessidade de se levar uma vida saudável.
Para quem almeja evolução espiritual então, acho que não é nem necessário dizer que o consumo de bebida alcoólica, é simplesmente inconciliável com tal desejo.
Vicente Ramatis – Médico Psiquiatra e autor do livro Armadilha Social.

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