Drogas, dependentes e os "Conservadores"


Comumente, aqueles que se manifestam contra o uso de bebidas alcoólicas, maconha, ecstasy e, às vezes, até de outras drogas consideradas “pesadas” são rotulados como “conservadores”. Essa forma de se referir a quem defende e prima por ter uma vida saudável do ponto de vista, tanto físico quanto mental; e sonha em viver numa sociedade evoluída, geralmente, é feita por pessoas usuárias dessas substâncias. Elas apresentam tal comportamento quando se deparam com comentários que trazem a realidade dos fatos, sentem-se incomodadas por serem instadas, nem que por breves momentos, a se confrontar com a consciência de seu equivocado padrão de tratamento da própria saúde física e mental. Independente da forma como essas informações são transmitidas, o efeito pode ser muito adverso. O lógico seria de se esperar que apenas servissem para despertar nos usuários a noção da realidade de suas ações. Assim, buscarem uma forma de melhoria dos hábitos com consequente reflexo positivo para todos. De fato, toda vez que essas informações vêm à tona, na mídia e no seio popular, parece surtir efeito positivo e suscitar algum desejo de mudança. Muitos são aqueles que, num momento de entusiasmo, até prometem inserir a proposta da suspensão do uso de bebidas em seu “planejamento anual.” Aquela famosa pauta de promessas que é feita no primeiro dia de cada ano novo. Porém existem aqueles que parecem ter um ego muito grande; assim, preferem pautar seu comportamento em suas quase sempre imutáveis convicções. A sabedoria popular oriental ensina que o ego ilude e cega as pessoas. Pode ser uma grande armadilha para o ser humano que, motivado pelo ego, frequentemente se abstém da humildade de ouvir, refletir e aprender. Mediante orientações que eventualmente sejam contrárias a seu modo de vida, ao invés de entender como crítica  construtiva, interpreta como comentário maldoso ou simplesmente como intromissão em sua vida. Esse comportamento  pode motivar as mais diversas reações,  desde ignorar informações importantes para o seu próprio bem e de suas pessoas queridas, como ainda envolvê-las em seus enganosos modos de vida.
Vicente Ramatis - Autor do livro Armadilha Social e Médico Psiquiatra. 

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