Educação e drogas

Entre as muitas mensagens que recebemos neste blog, diria que basicamente todas são interessantes. Mas, chamou atenção o fato de jovens adolescentes estarem espontaneamente se manifestando favoráveis ao ensino de prevenção às drogas nas escolas.

São os típicos jovens “Geração Maxluz”.

Certamente aqueles que pensam. Sentem-se como se estivessem sendo penalizados, afinal tem de conviver num ambiente de tanto risco a própria integridade. Entristecidos por assistirem colegas de infância sucumbirem diante desta ilógica situação. Angustiados com a inércia dos poderes, aos quais se referem como “as autoridades”. Questionam: Porque não fazem nada? Tomara que não percam essa indignação. Assim, podem vir a serem os elementos transformadores da nossa sociedade.

Temos uma cultura de aceitação das coisas erradas, formada desde os primórdios do Brasil colonial. Época em que os colonizadores que aqui chegavam, demonstraram um impressionante desrespeito pela vida humana. Como se julgavam superiores aos nativos, e inclua nisso os caboclos (mestiço do relacionamento de branco com indio) e tempos depois os mulatos existentes no país, julgavam poder dispor da vida das pessoas do jeito que quisessem. Traziam como principal bagagem, a mentalidade de tentar enriquecer de qualquer forma. Tirar da terra e dos nativos, o maximo possível, sem dar nada em troca. Aparentemente só se esmeravam em organizar as coisas no que se referia a cobrança de impostos. A contrapartida de serviços não era feita. Isso gerou essa cultura existente de não cumprir com o trabalho e quando confrontado, responder com ridículas justificativas. - Descobri isso na adolescência. Vivia na cidade de Vitória, ES. Na época uma cidade com pequena população. “Nossa ilha é uma província” como carinhosamente nos referíamos a cidade. Trago dessa época um fato que ficou marcado na minha memória. O dia em que fui tirar carteira de identidade. Havia um aviso de que iria demorar semanas para a entrega final do documento. O funcionário do setor era um senhor com um enorme bigode. (Era tradição, parece que tinha função de mostrar virilidade e intimidar.) Ao ser perguntado por que demorava tanto, respondia de forma ríspida: O Instituto Felix Pacheco no Rio de Janeiro demora sessenta dias para fazer esta carteira. Então fique muito satisfeito aqui, pois serão “apenas algumas semanas”. Imagine só, comparava a situação de duas cidades com diferença tão grande de população. Uma descoberta do que são as “autoridades”. A primeira decepção. – Naquele momento, uma tragédia para quem tinha sua primeira oportunidade de fazer uma viagem de férias.

A história nos mostra que falta de valores sempre acaba por deixar sequelas nas ações do dia-a-dia. Na cultura latino-americana não podia ter sido diferente. A falta de respeito pelo semelhante e de falsos valores éticos passados de geração a geração, tanto como a cultura da convivência, sem muita contestação, com o errado, entre tantos absurdos sociais, culminou no trafico de drogas. Enquanto que a baixa auto-estima decorrente da forma como se é tratado, entre tantas coisas ruins, proporciona a falta de perspectivas, o sentimento de impotência e muito desses usuários que estão caindo no vicio das drogas - Claro que existem outras causas para o consumo.

Só o incentivo a educação poderá reverter essa histórica situação.
Vicente Ramatis

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