Frio, vinho e depressão.

Com o fim do verão e inicio de dias com temperatura amena nas regiões litorâneas, começam também as viagens de fim de semana para as regiões serranas. A costumeira procura por pousadas e o inevitável consumo de vinho. Essa cultura, tão bem elaborada e explorada pelas indústrias de bebidas, tornou-se símbolo de lazer. Povoa os sonhos e desejos de tantos casais. Sem contar o aspecto romântico que a idéia evoca nos apaixonados. Até aí tudo bem. Só que existem circunstâncias a serem observadas. Como sabemos, toda regra tem exceção. Mas como sempre, as pessoas, simplesmente partem para realizar seus desejos sem se ater aos detalhes e consequências.
O primeiro detalhe que devemos observar é que o vinho, apesar de todo o glamour, que as custas de muito investimento em publicidade foi maciçamente construído em torno do seu consumo,  é na verdade uma bebida com alto teor alcoólico. Bem maior do que a cerveja, por exemplo. Como sabemos o consumo de algumas latinhas, já é suficiente para alterar a cognição e coordenação motora. É preciso enfatizar a informação de que o álcool, apesar de ser uma droga licita, ou seja, pode ser legalmente consumida, é na verdade uma substancia psicotrópica, classificada como depressora do sistema nervoso central. Portanto o seu consumo é bastante nocivo para quem sofre com quadro de depressão. Sem contar que afeta doenças orgânicas pré-existentes. Dependendo do nível e tempo de consumo da bebida alcoólica, inevitavelmente o usuário poderá desencadear quadro depressivo que estava latente. Ou ter agravado aquele quadro depressivo que até estava sob controle. Sem contar que alguns ainda têm como agravante, uma predisposição a chamada depressão sazonal, típica do inverno, atribuída a pouca luminosidade dos dias de inverno. - Dias mais curtos que afetam pessoas que saem cedo de casa, trabalham em locais com ambientes muito fechados, sem passagem de luz natural, e às vezes fica o dia inteiro sem ver a luz do dia.
Pessoas que já tem predisposição a depressão, podem ressentir destas condições. Este fenômeno é pouco divulgado no país, talvez por ser considerado como de maior incidência em paises com invernos mais rigorosos. Mas acontece por aqui, apenas não é devidamente diagnosticado. E quando é diagnosticado como depressão, não costuma ser associado a causa.  É visto apenas como depressão e ponto. Vai tomar medicação. Depois, devido a relutância que os portadores de quadros depressivos, costumam ter de se tratar com remédios, vai ficar tendo recaídas. Com isso vem às velhas queixas de cefaléia, distúrbio do sono, letargia, ganho de peso, irritabilidade, diminuição da libido e outros sintomas. Esse “filme” é antigo e se repete anualmente.
Tem sempre um monte de gente tropeçando e caindo por se deixar levar por estas idéias pré-concebidas. O melhor caminho é exercer a sabedoria, observar as próprias limitações, não beber e assim, não correr o risco de estragar a temporada com aquele novo amor que “promete”.
Vicente Ramatis 
Autor do livro Armadilha Social.

0 Comentario "Frio, vinho e depressão."

Postar um comentário